quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Legado de um gênio

A temporada internacional de desfiles para o inverno 2010 começa de luto. Enquanto Nova York tenta superar a nevasca da última terça-feira (10/02), o mundo da moda foi congelado com a notícia da morte de Alexander McQueen.

Numa época em que o adjetivo “criador” dificilmente se aplica aos profissionais da área, Lee Alexander McQueen era um dos poucos merecedores de tal qualificação. Vanguardista, anarquista, subversivo, rebelde. McQueen não tinha medo de ousar, buscava sempre o novo, desafiava paradigmas e propunha uma visão livre cheia de questionamentos relevantes para cada época em que se fez presente na moda. Também não se contentava com o clássico: as imperfeições e o acaso eram sempre bem vindos em suas coleções. Criatividade e genialidade que extrapolavam os limites da moda.

Ele foi um dos primeiros de sua geração a criar a consciência de que a moda não se sustentava sozinha. Roupas incríveis, com qualidade impecável, digna de quem foi treinado pelos tradicionais alfaiates de Savile Row, não eram suficientemente relevantes para se comunicarem com seu público. Foi nas artes, no teatro e na tecnologia que Alexander encontrou a fórmula que levou suas roupas e desfiles às últimas consequências.

McQueen compreendeu desde o início de sua carreira que a moda precisava estar conectada às outras áreas de conhecimento para ganhar força e relevância. Por isso ateou fogo na passarela, cobriu outra de água, fez chover, nevar, transformou seu desfile num grande jogo de xadrez vivo, amontoou uma pilha imensa de lixo no centro de sua apresentação, soltou lobos para caminhar com as modelos, as fez flutuar dançando no ar, prendeu-as num aquário de vidro que fazia as vezes de manicômio, utilizou robôs para jogar jatos de tinta em suas roupas, projetou Kate Moss numa imagem holográfica e utilizou gruas gigantes para proporcionar uma visão 360º de seu desfile transmitido ao vivo pela internet.

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